Tecnologia e logística nunca estiveram mais conectadas como nos últimos anos, e os drones são exemplos perfeitos do que a indústria 4.0 é capaz de fazer com o setor. Esses equipamentos são pequenas aeronaves não tripuladas, que podem ser controlados por controle remoto, como se fossem brinquedo de criança. Mas estão muito além disso: com eles, algumas empresas estão revolucionando a maneira como entendemos as entregas e o relacionamento entre um produto e uma marca.
Os drones foram criados originalmente para uso militar e ainda têm servido esse propósito em muitos países ao redor do mundo. Mas foi o uso civil que trouxe mudanças para o dia a dia dos consumidores, num processo que ainda está em pleno desenvolvimento e que pode impactar diferentes áreas do nosso cotidiano.
Alguns exemplos são o uso dos drones por fotógrafos e cineastas para fazer registros com ângulos de difícil alcance ou para estabilizar as imagens. As fotos aéreas de terrenos, construções ou de eventos nunca foram tão fáceis de se fazer, e esses aparelhinhos viraram moda pela praticidade no uso.
Outra função que tem revolucionado essa tecnologia é na segurança e salvamento de pessoas. Como os drones alcançam lugares de difícil acesso, fica mais simples avistar e resgatar turistas perdidos em trilhas, crianças em parques temáticos ou até banhistas na praia. No começo de 2018, um drone carregando uma boia aquática ajudou a salvar um homem na represa de Guarapiranga, em São Paulo, sem que ninguém precisasse se arriscar para chegar até ele.
Mas o que isso muda para o setor de logística?
O drones chegaram para mudar padrões e facilitar processos. Uma das primeiras empresas a empregar essa tecnologia para turbinar os serviços de entrega foi a Amazon, uma companhia americana de e-commerce.
A vantagem é que a maioria das encomendas deles é de produtos com pouco mais de dois quilos, o que ajuda bastante na hora de transportá-los por aí. Batizado de Prime Air, ou carteiro voador, o serviço consegue levar mercadorias em até 30 minutos, dependendo do local em que a pessoa estiver. E ainda garante toda a segurança para que a entrega seja feita sem nenhum tipo de avaria.
A maioria dos drones utilizados por empresas como a Amazon são alimentados por bateria e podem ser recarregados quando conectados a uma fonte de energia. O tempo médio de voo desses aparelhinhos é de 30 minutos e a maioria deles pode transportar pacotes de até 4,5 kg.
Outra empresa que quer colocar os drones para voar é o serviço de correios da Alemanha, o Deutsche Post. A DHL, empresa controlada pelo grupo, já está pesquisando como utilizar essas máquinas para entregas urgentes, como remédios, para bairros mais afastados do centro da cidade.
Legislação
Um dos maiores desafios das empresas que querem implementar o uso dos drones no dia a dia aqui no Brasil é conseguir encaixar a função e o modo como ele será usado dentro das leis brasileiras. Em maio de 2017, a Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC, regulamentou a utilização dessas aeronaves não tripuladas, justamente com o objetivo de facilitar e possibilitar o uso delas por aqui.
O problema é que nem todo mundo conhece essas regras e acaba usando os drones de maneira que compromete a segurança de muita gente. Uma das novas normas mais ignoradas por quem resolve brincar com um drone é, por exemplo, a distância de 30 metros que o aparelho precisa ficar de qualquer pessoa que não tenha a ver com ele. Ou seja: essa história de usar os drones na praia lotada, num parque ou até dentro de espaços fechados que estejam cheios de gente é totalmente contra a lei.
Investir nesse tipo de tecnologia pode ajudar as empresas a realizarem entregas em tempo menor, com custo menor e sem enfrentar o caos do trânsito, principalmente nas grandes cidades. Fora que um aparelhinho desses é muito mais ecológico e emite muito menos poluentes na atmosfera do que um carro ou um caminhão.
A questão é que os drones são serviços de entrega bem específicos para pequenas áreas. Como a maior distância que eles conseguem percorrer longe do controle remoto costuma ser de 5 km, esse também acaba sendo o raio de possíveis destinos para eles. Mas é justamente por isso que esses aparelhos acabam sendo revolucionários, porque eles mudam a maneira de pensar a logística, principalmente em grandes cidades.
Não é de hoje que existe um movimento mais localizado de administração de entregas, em que o consumidor local aposta em produtos fabricados na cidade para facilitar seu acesso a eles. Os drones ajudam a adotar esse tipo de política, com centros de distribuição por todas as principais cidades dos Estados Unidos, desafogando os grandes centros, como Nova York e Los Angeles.
Futuro dos drones
A questão que trouxe os drones à tona foi a possibilidade de customizar o serviço de entrega para o cliente, que escolhe o horário e o local exatos em que gostaria de receber suas encomendas. Com esse novo tipo de demanda por parte dos consumidores, as empresas precisam se preparar para atender um mercado que não quer mais esperar e exige um atendimento ágil e de qualidade.
O setor de logística está passando por inúmeras transformações, mas a principal delas é que o consumidor final quer cada vez mais rapidez nesse tipo de serviço, além da capacidade de poder rastrear ele mesmo suas encomendas. Já não é mais o cliente passivo do passado, que esperava sem data marcada para que seus produtos chegassem à porta. Ainda resta saber como o serviço com drones será regulado aqui no Brasil.